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Começando a investir de maneira inteligente - Parte 1: Conta Corrente e Corretoras

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A ideia dessa série de artigos é apresentar uma abordagem para as pessoas que não sabem como começar a investir além da poupança e querem se tornar pequenos e inteligentes investidores. Ela visa o mínimo de taxas, diversificação de investimento e ganhos acima da inflação.

O roteiro é simples:

  • Leia Crash. Uma Breve História da Economia e Sonho Grande;
  • Tenha uma conta corrente digital;
  • Abra uma conta na Easynvest e invista sem pagar taxa de administração no Tesouro Direto, alocando a maior parte do seu dinheiro no Tesouro Selic (LFT);
  • Abra uma conta na Rico.com.vc e realize o Investimento Programado a partir de R$ 100 em ações de empresas boas (eu invisto em 20 empresas que apresentam lucros consistentes, entre elas Ambev e Cielo), evitando taxa de custódia e pagando uma taxa de corretagem ínfima;
  • Tenha uma planilha de gastos, realize o balanceamento da sua carteira de investimentos e pague tudo que conseguir no cartão de crédito. Recomendo o cartão Nubank se não quiser pagar taxas e anuidade ou Credicard Exclusive se preferir acumular pontos.

Esse conteúdo será dividido em quatro partes:

  1. Conta Corrente e Corretoras
  2. Tesouro Direto
  3. Ações
  4. Planejamento Financeiro

E vamos começar conhecendo a modalidade digital de conta corrente e porque você não deve investir seu dinheiro através dos grandes bancos, mas através de corretoras menores.

Conta Corrente

Antes de falar de investimento, temos que falar sobre sua conta corrente. É bastante comum pessoas que querem começar a investir estarem nas contas universitárias, ou terem sido migrados para outras modalidades à medida que foram conseguindo salários maiores. Nessas contas é comum a cobrança de duas corrosivas taxas:

  • Taxa de manutenção da conta corrente;
  • Taxa para transferência de dinheiro para outros bancos.

Taxas de manutenção de conta, que muitas vezes incluem cartão de crédito, giram em torno de R$ 30 mensais. Já as de transferência (DOC e TED), podem chegar a R$ 12 por operação. Como veremos mais à frente, esse tipo de operação é comum para quem investe o dinheiro de maneira inteligente e, imaginando uma quantia de R$ 500 por mês para investir, perder R$ 50 (ou 10%) com taxas é começar com o pé esquerdo.

Para evitá-las, existe uma modalidade de conta corrente chamada de “digital”, onde o cliente deve ficar isento de taxas ou tarifas quando realizar suas operações exclusivamente por meios eletrônicos, ou seja, caixas eletrônicos e Internet Banking - Resolução 3.919, de 25/11/2010, Banco Central do Brasil.

Isso significa que não são cobradas taxa de mensalidade ou de operações de transferência de dinheiro para outros bancos (inclusive para valores pequenos, como dois reais), desde que todas as suas operações sejam feitas online ou nos terminais de autoatendimento - o que já é a realidade para cada vez mais brasileiros. Essa modalidade digital é oferecida pelos seguintes bancos:

Eu, particularmente, tenho uma conta digital no Itaú, chamada de iConta, e é a que recomendo para quem quer ter esse tipo de isenção. O processo de abertura é bem fácil: basta cadastrar-se no site do Itaú, aguardar o email com o convite para comparecer à uma agência, levar os documentos, certificar-se de que não está contratando um cartão de crédito e pronto, você ganha um cartão de débito e acesso ao Internet Banking. A única vez que tive que voltar à minha agência foi para pedir para aumentar meus limites de transferência e pagamento de boletos - o que foi muito simples e sem burocracia. Além disso:

  • O aplicativo de celular do Itaú funciona bem, assim como o site;
  • Existe o TokPag que facilita a transferência de valores para seus amigos - sem mais estresse de dividir conta em bar, você pode transferir dinheiro sem taxas para qualquer banco do seu celularl
  • O próprio aplicativo do celular é o cartão de segurança/token;
  • Existem aplicativos para o computador para acessar o Internet Banking - não tenha problemas com módulos de segurança ou Java.

Corretoras

Agora que você já se livrou das taxas de operação e manutenção dos grandes bancos, chegou a hora de se livrar das altas taxas cobradas para se investir neles.

Grande parte do público alvo desse guia possui uma ou mais das características abaixo:

  • Não investe nada, deixa dinheiro parado na Conta Corrente ou debaixo do colchão;
  • Investe na poupança;
  • Tem previdência privada;
  • Tem títulos de capitalização.

Todas essas características te levam ao mesmo resultado: você está rasgando dinheiro!

Ok, rasgando dinheiro talvez seja um exagero, mas devido à alta inflação atualmente no país, se você não investir com inteligência seu dinheiro, você fica cada vez mais pobre. Isso mesmo, se você colocou R$ 100 na poupança há um ano, você tem menos dinheiro agora do que tinha antigamente [1] [2] [3]. Para entender mais sobre inflação e como ela acaba com suas reservas, recomendo fortemente a leitura do livro Crash. Uma Breve História da Economia. De maneira bastante didática, Alexandre Versignassi explica conceitos que normalmente causam aversão ao cidadão brasileiro. Se você deixa dinheiro parado na Conta Corrente, seu dinheiro está se desvalorizando no ritmo da inflação (e se você ler o livro, verá que está, na verdade, emprestando seu dinheiro ao banco sem receber juros). Se todas suas reservas estão na poupança, você está um pouco melhor, mas continua perdendo para a inflação.

Agora, se você possui planos de previdência privada ou títulos de capitalização, a chance é de que você foi passado para trás pelo seu banco! Planos de previdência privada raramente são vantajosos para o cliente: há incidência de taxas de administração, carregamento e saída além da incidência do imposto de renda. Já os títulos de capitalização são uma forma de emprestar dinheiro ao banco, com uma longínqua esperança de um prêmio. Esses dois títulos tem uma coisa em comum: são ofertados pelos gerentes e atendentes dos bancos dia e noite, pois são bons para os bancos e para o seu gerente.

E se você se educou para recusar essas “ofertas”, a próxima coisa que você notará é que esses bancos tornam a tarefa de investir em bons títulos custosa e difícil, seja cobrando altas taxas de administração ou definindo limites mínimos para começar a investir. Felizmente, existe uma alternativa para o pequeno e inteligente investidor: corretoras de valores independentes. Essas são instituições autorizadas a operar na bolsa de valores e que por terem investimentos como o foco da sua operação (ao contrário de grandes bancos que ganham com cartão de crédito, pagamento de contas, empréstimos, etc), conseguem oferecer taxas menores e opções mais acessíveis.

Ao abrir uma conta em uma corretora independente, o investidor irá notar que o funcionamento é mais simples que a conta corrente comum. Você transfere dinheiro para a sua conta na corretora, aplica da maneira que desejar e quando quiser o dinheiro de volta, efetua a transferência para sua conta corrente de origem (no Itaú por exemplo). Não há como pagar contas ou boletos, transferir dinheiro para terceiros, terminais de auto atendimento, cheques ou cartões de crédito. Na maioria delas, não é cobrada taxa de manutenção da conta, somente as taxas intrínsecas a cada investimento. E ao optar por uma conta corrente digital, como visto na seção anterior, você evita o pagamento de taxas para movimentar seu dinheiro.

É importante também notar que, por serem instituições menores, os riscos podem ser maiores, dependendo de como você aloca seus recursos. Vale a pena estudar cada instituição, buscar referências e entrar em contato com o atendimento antes de decidir mover suas economias para uma delas. A boa notícia é que para quem está começando a investir, existem opções de investimento que são segurados por instituições terceiras (se a corretora ou o banco emissor do título quebrar, você continua com seu dinheiro) e há maneiras de “auditar” como seus recursos foram alocados - evitando que seu dinheiro tenha sido desviado.

No decorrer dessa série de artigos, irei apresentar as duas corretoras onde eu invisto meu dinheiro e as razões por ter escolhido cada uma delas. Antes disso, vale a pena esclarecer que é possível ter conta em mais de uma corretora. Uma pode oferecer isenção de taxa de administração para um determinado título de renda fixa, enquanto outra cobra menos para operar em renda variável. E exatamente daí surge uma dúvida comum: como uma corretora ganha dinheiro ao não cobrar taxa nenhuma? Simples: assim como os grandes bancos, elas esperam conquistar o cliente numa ponta para fidelizá-lo em outra, onde ela provavelmente cobra taxas maiores. Faz parte desse guia de investimento inteligente, direcionar cada tipo de investimento para as opções mais “baratas”.

No próximo artigo, irei apresentar o Tesouro Direto e como ele se encaixa na estratégia que estamos construindo.

Vamos bater um papo?

Há cerca de dois anos, comecei a procurar informações de como investir melhor meu dinheiro, assim como você. Estudei bastante: opções de investimento, relatos, taxas, rentabilidade, bancos, corretoras e etc.. Hoje, fico feliz em poder ajudar meus amigos a construir um planejamento financeiro, poupar mais e investir melhor.

Infelizmente, pouca gente investe de maneira inteligente e, principalmente, consciente. À outra parte da população, resta seguir as recomendações de seus gerentes, que trabalham para grandes bancos, portanto, mais interessados nos próprios lucros. O material disponível na internet geralmente é escasso, desatualizado ou fragmentado.

Ainda estou aprendendo muito e minha ideia com essa serie de artigos é compilar e divulgar minha jornada. Se você ficou com dúvidas, quer entender melhor um ponto ou bater um papo sobre uma situação específica, me manda um email e vamos aprender juntos!